CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ENSINO FUNDAMETAL/SÉRIES INICIAIS
MUNICÍPIO DE TAPIRAMUTÁ
LUZINETE DOS SANTOS OLIVEIRA
VANDICLEIA DE CARVALHO SANTOS
SENSO COMUM E CIENTÍFICO SOBRE A CIÊNCIA
Tapiramutá – Bahia
Junho 2009
ENSINO FUNDAMETAL/SÉRIES INICIAIS
MUNICÍPIO DE TAPIRAMUTÁ
LUZINETE DOS SANTOS OLIVEIRA
VANDICLEIA DE CARVALHO SANTOS
SENSO COMUM E CIENTÍFICO SOBRE A CIÊNCIA
Tapiramutá – Bahia
Junho 2009
VANDICLEIA DE CARVALHO SANTOS
SENSO COMUM E CIENTÍFICO SOBRE A CIÊNCIA
Resumo apresentada para atividade GEAC – Produção Científica, orientado por Luiza Seixas.
Tapiramutá – Bahia
Junho 2009
Definir conhecimento científico, sem dúvida, é uma tarefa árdua. Não oponente a complexidade do tema, defrontamo-nos também com as impressões equivocadas sobre conhecimento científico, as quais terminam impregnando o discurso sobre o da ciência.
Não se trata de defender que existe uma polissemia do termo ciência. Talvez até haja. Entretanto, a brisa mítica que se formou ao redor do fazer científico nos confere um desafio maior ainda quando nos colocamos a tarefa da caracterização desse conhecimento.
A primeira tarefa para tentar driblarmos esse inimigo oculto, diluído no discurso de pelo menos três séculos, é tratamos de conhecimento científico e não de ciência. No fundo, claro, estamos falando da mesma coisa. Entretanto é dos vícios que o termo ciência criou que queremos nos livrar. Tratar esse fazer científico, que se iniciou especialmente depois da Idade Média na Europa, por conhecimento científico tem como principal intuito dar à produção científica o seu devido lugar. O lugar de mais um conhecimento, de mais uma possibilidade de explicação da realidade, dentre as várias que o homem criou.
O objetivo do conhecimento científico é explicar a realidade ou, pelo menos, parte dela. Essa tese, sem dúvida, é uma das mais comuns quando estamos tratando de ciência. Contudo, ela se configura como um tremendo equívoco. Essa crença talvez resida no fato dos próprios fazedores de ciência que disseminam o tão importante rigor de suas pesquisas e dos seus métodos de verificação e de interpretação da realidade.
A percepção comum de ciências está repleta de expectativas simplistas, sobretudo no sentido se que os cientistas seriam gente acima de qualquer suspeita, produzindo “oráculos definitivos, detendo em suas mãos conhecimentos perfeitos.
...O maior problema da ciência não é o método, mas a realidade. Como esta não é vidente nem coincide completamente a idéia que temos da realidade e a própria realidade, é preciso primeiro colocar essa questão: o que consideramos real? Alguns julgam que realidade social é algo já feito, totalmente externo e estruturado. Outros concebem-na como algo a se fazer, pois seria criativamente histórica. (Demo, 1995: 16)
O debate acerca da demarcação científica tem privilegiado enfoques guiados, principalmente, pela preocupação em identificar características únicas e essenciais da ciência que a distinguem e separam de outras atividades consideradas não científicas. Este trabalho apresenta uma reflexão sobre o processo de demarcação científica, a partir da perspectiva do construtivismo crítico, perspectiva esta que se propõe a rever criticamente as premissas do construtivismo social e da etnometodologia. Destaca-se a contribuição da área de ciência e tecnologia e analisa-se um conjunto de pesquisas baseado no conceito de trabalho-fronteira. Argumenta-se que tão importante quanto compreender estes processos de demarcação é destacar o processo simultâneo de circularidade que se estabelece entre os diferentes campos científicos, sociais, tecnológicos, culturais e assim por diante, ressaltando o conceito de permeabilidade das fronteiras.
“A ciência está cercada de ideologia e senso comum, não apenas como circunstâncias externas, mas como algo que está já dentro do próprio processo científico, que é incapaz de produzir conhecimento puro, historicamente não contextualizado.” (Demo, 1995: 18)
Essa afirmação de Pedro Demo implica, por exemplo, que até a escolha do objeto que o conhecimento científico vai escolher para analisar leva em conta tanto o senso comum, quanto a ideologia. Afinal existe um sujeito-pesquisador que faz um recorte a partir da sua própria subjetividade. No momento da escolha (e, certamente, na condução de todo o processo de pesquisa), pesam tanto o senso comum, quanto as posições ideológicas do pesquisador. Cabe colocar que o mérito do trabalho científico está também em reconhecer o quanto de ideologia e senso comum tem no trabalho para assim, na medida do possível, retirar essa influência ou manter e, nesse caso, declarar o que não pode ser retirado. Afinal, como Pedro Demo disse acima, não há conhecimento puro e descontextualizado.
A verdade científica é alterável, corrida e perde sua essência se propor a virar um dogma. Segundo Demo:
“... conhecimento científico é o que busca fundamentar-se de todos os modos possíveis e imagináveis, mas mantém consciência crítica de que alcança este objetivo apenas parcialmente, não por defeito, mas por tessitura própria do discurso científico; todo argumento contém componentes não argumentados, assim como toda estruturação lógica encobre passos menos lógicos, alguns até mesmo ilógicos; essa aparente precariedade é, no fundo, sua grande virtude, porque retira daí sua formidável capacidade de aprender e de inovar-se; as fundamentações precisam ser tão bem feitas que permitam ser desmontadas e superadas.” (Demo, 2000: 29)
Cabe ressaltar a face formativa da luta de pesquisa. Não está em jogo apenas fazer ciência, mas em constituir a cidadania capaz de se fundar em ciência e imprimir ética à ciência. Sendo conhecimento e aprendizagem dimensões das mais fundamentais do ser humano, porque é com ela que mudamos a realidade e podemos nos mudar, cabe cuidar delas com esmero redobrado. Esta perspectiva pode ser captada na idéia da autoridade do argumento, oposta ao argumento de autoridade. Este age de fora para dentro, de cima para baixo e espera submissão. Aquela age de dentro para fora, de maneira autopoiética e pode convencer sem vencer. Aprender a argumentar é a pedagogia mais profunda da vida do estudante, porque se constitui, ao mesmo tempo, pesquisador e cidadão. Enquanto constrói seu espaço e sua chance científica, o estudante constrói principalmente sua autonomia, como sujeito capaz de história própria. O mesmo conhecimento que esclarece é o que também imbeciliza. Por isso, deve fazer parte do saber pensar a ética.
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